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Mostrando postagens de maio, 2011

Pedaços de leitura: Terra Sonâmbula, de Mia Couto

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Citações presentes na primeira página do livro: Se dizia daquela terra que era sonâmbula. Porque enquanto os homens dormiam, a terra se movia espaços e tempos afora. Quando despertavam, os habitantes olhavam o novo rosto da paisagem e sabiam que, naquela noite, eles tinham sido visitados pela fantasia do sonho. (Crença dos habitantes de Matimati) O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro. (Fala de Tuahir) Há três espécies de homens: Os vivos, os mortos e os que andam no mar. (Platão) Contar histórias é algo milenar, advém das mais remotas e passadas tradições humanas. Terra Sonâmbula é um bom exemplo disso. A história se passa no Moçambique pós-independência durante uma terrível guerra civil. Os personagens, um velho chamado Tuahir e um menino por nome Muidinga encontram um ônibus abandonado que servirá de abrigo para ambos. Ao lado do veíc

Gênese.

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  Você pode fazer mais com um castelo na narrativa do que com o melhor castelo de cartolina que jamais se viu sobre a mesinha de uma criança. [1]  Foi na narrativa que ela encontrou o sabor das primeiras coisas. As primeiras cores foram os caracteres em branco e preto que saltavam a cada momento que os olhos passavam pelas palavras. Os primeiros aromas foram sentidos vieram das florestas dos contos de fadas, com as suas floras e faunas encantadas. O primeiro toque foi para sentir o personagem na textura do papel e atestar que ele era de verdade mesmo (embora soubesse que ele é parte de uma coerência interna, uma verdade ficcional).O primeiro som foram vozes, aquelas vozes que juramos ouvir quando cada personagem dialoga, pensa, canta, sussurra, GRITA. Ela descobriu que poderia fazer o que quisesse numa narrativa e decidiu que se tivesse que fazer, faria o melhor que pudesse; guardaria as primeiras sensações de todas as primeiras coisas que passaram por ela nu

O que passou a ser. Em transformação...

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Habito os dez mil e quinhentos universos sugeridos pela física quântica satisfeita de ser tantas em tantos                            (Diva Cunha) 1º Universo,o das bobices. Era uma vez ela, uma menina. Há tanto tempo esperada; a torre do castelo já tinha espaço para abrigar seus devaneios infantis, cercada de afeto, mimos, cuidados. Seus pequenos prazeres: canções lilases , longas conversas com objetos disfarçados de brinquedos e quitutes da avó. Ela, a menina, era capaz de montar quebra – cabeça com nuvens, mas tinha medo do escuro. Pra isso achou uma solução: descobriu que poderia morar num livro. Seu primeiro e grande amor foi um livro. Toda semana aguardava ansiosamente pelo encontro com o seu amado. Sentia todos os sintomas de paixonite. Frio na barriga. Ria do vento. Sentia saudade, mesmo estando perto. Abraçava forte. Gostava do cheiro. Com ele, só com ele ela era muitas numa só: a mocinha, a princesa, a fada.   Nunca