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Mostrando postagens de abril, 2011

Das pessoas e as caixas...

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"Sofro por causa do meu espírito de colecionador-arqueólogo. Quero pôr o bonito numa caixa com chave para abrir de vez em quando e olhar." (Adélia Prado)   Somos como aquelas caixas, objetos que usamos para guardar coisas; compartimentados, separados por categorias distintas.  Em algum lugar situam-se as boas lembranças; suspeito que fiquem na superfície, pra facilitar o acesso: pessoas que passaram por nós e suas marcas, mais fixas e permanentes do que pegadas na areia e tatuagens; cheiros que insistem em voltar, mesmo quando o frasco do perfume esvaziou; imagens que são projetadas a cada exaustivamente quando a memória aperta o play; sons que fazem a playlist da sua vida; sabores como o inconfundível bolo de laranja e o segredo tumular do tempero que ela colocava no bife acebolado. O que fazemos com as lembranças ruins? Depende de cada caixa. Algumas preferem se amontoar de rancores, dissabores, melancolias. Quando abrimos essas caixas, sentimentos u

Eduque o olhar...

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 palavra lê paisagem contempla cinema assiste cena vê cor enxerga corpo observa luz vislumbra vulto avista alvo mira céu admira célula examina detalhe nota imagem fita olho olha  [Arnaldo Antunes] Caso deseje ampliar a sua reflexão sobre o olhar uma boa pedida é o documentário Janela da Alma , de João Jardim e Walter Carvalho. Olhe, mire, veja...

Notas de uma observadora ou 1ª tentativa de escrever ficção...

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--> Aquele era um dia, apenas mais um dia em que ela trabalharia no final de semana. Os anos corridos da faculdade lhe proporcionaram a realização de um desejo interessante e saboroso: a gastronomia. Trabalhava naquele agradável lugar havia pouco. Revezava entre o preparar os sabores e servi-los aos degustadores. Sempre interagindo com os clientes, ora falando, ora observando. Apenas observando. Foi então que duas cenas paradoxais se deixavam vistas diante dela. De um lado, um casal feliz. O garoto dedilhava a agradável melodia que ouvia do som produzido pela banda no braço da sua garota, como se ali residisse a partitura daquele momento. Talvez encontrasse nela cada nota, como aqueles escritos em Braille; pelo tato. A garota sorria com toda a expressão que lhe era possível ali, embalada por aquelas doces melodias, acompanhada daquele belo garoto a sorrir com os olhos. Nesse momento, pensei ter escutado ali uma gostosa canção Don't Know Why, que no piano era tocada